sábado, 30 de julho de 2011

Cenário Zero


"Caro leitor que me seguiu até aqui, estou meio de porre e são três da manhã. Tudo, em verdade, se resume no seguinte: se estás vivo, um dia, surgirá um negócio mais pra acinte. Se te oferecerem nada, pede vinte. O medo é puro enredo tecido por mãe, pai e atepassados. Quem fica deitado não cai. Sábio é aquele que conhece seu lugar; conhece a esquerda e a direita do seu andar; o norte e sul da sua própria morte; o alto condor e o baixio de mortal calor. O importante, porém para a fundamental sabedoria, é conhecer seu lugar que não permite ida, volta, fuga ou partida. Sábio é o homem que vai sem sair do lugar e o homem sábio trata a longínqua galáxia como se ela fosse seu bar".

*Essa foi a 759ª noite do livro "A Milésima Segunda Noite" do amigo Fausto Wolff.

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quinta-feira, 28 de julho de 2011

As lágrimas secam por conta própria

Alma machucada que cantava luz em seus cantos escuros. Gosto muito dela, vai fazer muita falta.

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sábado, 23 de julho de 2011

Licença Apologética

À Cicutinha ALP

Quando nasci, um anjo canhoto
desses q tocam guitarra arrotou:
morra jovem e permaneça belo.

O anjo torto só esqueceu q
roqueiro brasileiro não morre aos vinte e sete.
Esquecem e envelhecem.

De vez em quando um gringo desavisado
escuta o anjo e assina o contrato.
De mau exemplo à lenda
Alma embargada de volta à escuridão
-sem reabilitação.
Amargura é dor.

Hauser, Hauser, Kaspar Hauser
se eu me chamasse Winehouse não
seria rima e menos ainda solução.

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Manoel de Barros

"Acho que foi minha inaptidão para o diálogo que gerou o poeta. Sujeito complicado, se vou falar, uma coisa me bloqueia, me inibe, e eu corto a conversa no meio, como quem é pego defecando e o faz pela metade. Do que eu poderia dizer, resta sempre um déficit de oiotenta por cento. E os vinte por cento que consigo falar não correspondem senão ao que eu não gostaria de ter dito, - o que me deixa um saldo mortal de angústia. Mesmo desde guri, no colégio, descobri essa barreira em mim, que não posso vencer. Sou um bom escutador e um vedor melhor. Mas só trancado e sozinho é que consigo me expressar. Assim mesmo sem linearidade , por trancos, por sugestões, ambíguo - como requer a poesia."
"Enquanto o mundo parir uns tipos hipobúlicos feito, por exemplo, Fernando Pessoa, resguardados pela timidez e incapazes de uma ação - as palavras não morrerão. Essas criaturas não têm outra forma de ação que em cima das palavras. Obsessiva e sadicamente as trabalha, dobrando-as até seus pés, arrastando-as no caco de vidro, até que elas sejam eles mesmos. Até que elas deem testemunho da presença deles no mundo. Quase sempre criaturas que nascem repositórios de chão e de estrelas, só sabem fabricar poesias com palavras. E ainda outras que moram ruínas viçosas por dentro, se agarram nas palavras para sobreviver."
*Manoel de Barros - do Livro Encontros da Editora Azougue.

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Amor velado

Condenado a choro,
reza, vela
e caixão.

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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Original



Sou original em meus pecados
Refuto o apostólico menu. Não
aplico culpa aos temores enfrentados.

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