sexta-feira, 24 de julho de 2009

Correndo atrás das folhas, entre folhas, viajando pelos sites, blogs, ogs, e etc, me deparei com um entitulado GERAÇÃO Y / GERACIÓN Y, e como logo abaixo falou-se na paçoka dicotômica, segue um texto da senhora Yoani Sanches, cubana, cujo texto segue abaixo:

UM SUMIDO MONOSSILÁBICO


Um poema - no anos noventa - ironizava a desaparição de varios produtos agrícolas das mesas cubanas*. Seu autor nunca assinou os agradaveis versos, porem o estilo mordaz indicava diretamente um conhecido escritor. Eram os anos em que o CAME foi pra merda junto com o campo socialista e nossos umbigos se aproximavam - dolorosamente - da espinha. Os alimentos pareciam haver partido para o exilio, deixando-nos uma pungente recordação de seu agrado.

A mandioquinha, a banana e a mandioca regressaram mais tarde, quando a explosão social de 1994 obrigou o governo a abrir os satanizados mercados livres. Encontravamos sobre suas prateleiras as variedades de tubérculos que haviam acompanhado assiduamente os pratos de nossos avós, porém a um preço que não correspondia aos simbólicos salários que recebiamos. Ainda assim, ali estavam. Expremendo-se um pouco os bolsos podia-se fazer um suave puré de batata doce, para iniciar um bebê nas lutas da comida.

Enquanto esses produtos nacionais regressavam, chegaram alguns estrangeiros suplantando os crioulos. Os hotéis começaram a comprar laranjas e mangas da República Dominicana, flores de Cancún e abacaxi de outras ilhas do Caribe. Nas cozinhas tornou-se comum um extrato importado de limão para suprir o sumido cítrico tão usado em molhos e marinados. O açúcar se trouxe do Brasil e um pacote de cenouras congeladas era mais fácil de se achar do que as tipo delgadas que cresciam debaixo de nossa terra. Somente a goiaba não encontrou competição nas errôneas importações e ergueu-se - dignamente -em substituição a todas as outras frutas perdidas.

O cúmulo chegou-me há um par de semanas, quando ao receber a quota de sal que dá o racionamento, comprovei que vem do Chile. Não consigo conciliar nossos 5.746 kilometros de costas com este pacote branco e azul transportado desde o sul. Se nosso mar continua igualmente salgado, o que foi que ocorreu para que seus minúsculos cristais já não cheguem ao meu saleiro. Não foi a natureza - não joguemos outra vez a culpa à ela - senão este sistema econômico disfuncional, esta apatia produtiva e a tremenda subestimação de tudo o que é nacional que nos cerca. Tampouco foi o bloqueio.

Agora, haveria que se refazer o sarcástico poema dos produtos extintos e agregar-lhe um breve e sumido monossílabo: sal.

* A mandioca, que vinha da Lituania
a manga, doce fruto da Cracóvia
o inhame, que é oriundo de Varsóvia
e o café que se semeia na Alemanha.
A mandioquinha amarela da Romania
a batata doce moldava e sua doçura
da Liberia a sapota com sua textura
e a verde banana que cultiva a Ucrania.
Tudo isso falta e não por culpa nossa
para cumprir o plano alimentário
se luta uma batalha bruta, intensa.
E já temos a primeira mostra
de que se faz o esforço necessário:
há comida na TV e na imprensa.

Nota do tradutor
CAME: Conselho para Assistência Econômica Mútua - fundado por Stalin em 1949, formado pela União Soviética e cinco países do Leste europeu, foi expandido para dez países membros, incluindo Cuba em 1972.




Nada haver ou tudo haver com a paçoka, ou há de ver, ou a ver, ou simplesmente ver mas... acho que preciso parar de comer chocolate... ou melhor brigadeiro... não é mesmo sr. Nosliw?

Gostei do chocolate e paçoka sra. Clown Doll, me lembrou velhos tempos, hehehehe
Sr. Dicotômico, não sei que lhe falou que eu sou assim, e nunca falei?: "Abel eu quero mel!" , talvez uma breja bem gelada... talvez...
Enfim: VOLTEI!!!

Marcadores: ,

Procura-se o Wendell. Vide retrato falado:

Marcadores:

terça-feira, 21 de julho de 2009


Chocolate E paçoka


O mundo desigual.
Pq não misturar chocolate com paçoka?
pq alguns só com paçoka e outros
diamante negro?


Chocolate e paçoca
Hora certa é não ter hora
O momento é pessoal
Chocolate e paçoca
Ora branco ora preto
Lacta ou nestlé
A mochila sempre cheia
Todo tempo pra comer
E se a paçoca acabar

E se o chocolate derreter,

Pede logo para o Wilson
Amigo seu te socorrer
Ç(?)
Ou mandar mais paçoka, pra no
Chocolate misturar, ou mandar moranguinhu pra vc fumar.
Alguém sempre vai gostar!!

chocolate com paçoca/moranguinhu a gosto!

Marcadores: ,

sexta-feira, 17 de julho de 2009

E aí?!


  • E a poesia expectorante, amigos? Vamos retomar este tema?
  • Poderíamos listar alguns livros, autores, textos que dialogam com a proposta (o CEP 20.000 do post do Nosliw, por exemplo, é poesia expectorante até o caroço). É quase alencar nosso paideuma, animam?
  • E tem aparecido mais textos próprios também, o que é muito bom. Vamos mostrar mesmo, estamos entre amigos pra que o ambiente seja confortável para nos expormos, sem medo de críticas (na verdade os comentários sempre se propõem ao diálogo -mesmo que dicotômico-, ou não?).
  • Quem quiser mais do Vendell, sabem: Incrementum na veia, não na véia, na veia. E podem pedir mais dele aqui também, mandem cartas, sinais de fumaça ou mesmo comentários e e-mails.
  • Quem quiser mais da Tarcila é só pedir pra ela aqui mesmo, uai. Ou então façam uma isca com paçoca ou chocolate que ela aparece também.
  • Quem quiser mais do Vilson também podem pedir aqui, mas cuidado que o cidadão tá em estado de greve e qualquer discordância agora ele mobiliza o povo e sai de greve mesmo, então nem vou zoá-lo dessa vez, com seu coração de motor de geladeira, ou por ele ainda achar que é Joel Barish, ou que o Joel é ele, ou, ah, vocês entenderam.
  • Quem quiser mais do Sr. Dicotômico é só me ligar e marcamos um programinha. Até algum dia!
  • Quem não quiser mais, pode mandar pedidos de que me cale também, ou nem isso.
  • E logo adicionarei marcadores em todas as postagens para colocar um pouco mais de ordem por aqui, beleza? Até outro dia seus dicotômicos!

Marcadores:

Millôr

"A lei escrita é sempre muitos anos atrasada em relação ao direito real, aquele que está no ar e pertence ao nosso tempo de vida. A justiça não só é cega mas sua balança desregulada e sua espada sem fio. É fundamental impor um direito mais amplo do que o que está escrito, obrigar o juiz a funcionar acima da mediocridade do regime em que vive."
Diálogo com Emmanuel Viveiros de Castro, Maninho, Advogado.1967
Texto do livro: O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr, de Millôr Fernandes.

Marcadores:

terça-feira, 14 de julho de 2009

MERDA!
Quebrei a perna no primeiro ato.

Marcadores:

quarta-feira, 8 de julho de 2009

08/07/1940

Em 08/07/1940 nascia Faustin von Wolffenbüttel, nosso caro Fausto Wolff.
Para amenizar a saudade hoje, vejamos uma entrevista com ele:



E tem também uma animação com participação do Fausto, feita pelo Allan Sieber, quem quiser assistir, basta ir ao site do Allan e clicar no cartaz do Santa de Casa, à direita.

Marcadores:

terça-feira, 7 de julho de 2009

Havia prometido um trecho do livro SABEDORIA DO NUNCA, do escritor Juliano Garcia Pessanha, à comparsa insone Lilian... então, com algum atraso, aí está:
(...)
Z estava entretido nessas confusões vinculadas à secreta ambição de ser real quando se lembrou que sua mãe havia sumido e que isso devia ter alguma relação com os pensamentos velozes que ele estava tentando pensar. Decidiu que o sumiço da mãe era a constituição de uma ocasião e a hora de uma promissora tentativa de encarnação: a partida da mãe era uma dor e Z acreditava que se ele fosse capaz de experimentar essa dor poderia, então, sair do lado do avesso do mundo e ser ejetado para a parte cheia, onde ele encontraria as dadivosas coerções de uma existência. Tudo teria de ser muito rápido, antes que essa emoção virasse um pensamento, ou virasse uma dúvida do tipo que duvida se realmente uma partida é uma dor, ou se há algo ao menos parecido com isso que chamamos de partida e se isso é capaz de fornecer um estoque suficiente de dor real... Esses disfarces são terríveis e Z não podia ser lento senão tudo virava álgebra, e ele, novamente, fantasma. Sentiu que agora essa falta lhe traria forças, que ele nunca a esqueceria e, vinculando-se a essa dor, poderia ganhar a cobiçada forma humana.
Foi assim que Z se enfiou no banquinho laranja daquele vagão desabitado e começou a preenchê-lo de uma dor violenta até que se envaideceu com a idéia de que agora ele teria memórias e uma vida triste para dizer aos outros. Esse pensamento foi um bocado fatal, pois ele fez com que Z abandonasse o vagão e saísse pela rua em busca de um interlocutor a quem pudesse narrar o seu episódio humano. Z considerou-se capaz de recapitular e por isso logo encontrou alguém no meio de uma calçada e começou a falar por alguns segundos até que foi vendo suas palavras se desmancharem e o rosto de alguém ficar longínquo. Z estava confiante nos vigores da sua história e na força de seu relato, mas, logo no início, na inusitada adesão àquela nova lembrança, ele foi sacudido pelo anjo da descrença: devorou seus relatos, desfez seus pequenos preenchimentos e o pôs de volta ao zero, na província do esvaziamento. Tudo era de novo o velho fingimento e Z tentou então imitar os gestos do homem antes que ele lhe desse as costas. O homem achou divertido aquele pequeno palhaço e convidou-o para tomar algumas cervejas ao que Z respondeu convidando-o para tomar algumas cervejas. Z se referia às mesmas cervejas do homem de tal modo que esse se esquivou do encontro por julgá-lo "matematicamente insuportável". Pelo menos foi o que Z imaginou assim que ficou sozinho e sentiu uma aflição apoderar-se dele. Talvez fosse aquele fracasso, mas logo a aflição também sumiu, afinal, nunca uma delas havia se apoderado de Z sem que ele sentisse o rondar de uma mentira. Z se despediu do homem, já minutos depois dele ter partido, e constatou que suas lembranças recém-adquiridas já haviam ficado bizarras e que suas vivências eram bastante falsas.
(...)
*Trecho do livro SABEDORIA DO NUNCA, de Juliano Garcia Pessanha.

Marcadores:

A LUCIDEZ INCÔMODA DAS MADRUGADAS INSONES

Marcadores:

quarta-feira, 1 de julho de 2009

CEP 20.000

"CEP 20.000 - documentário de Daniel Zarvos sobre o projeto CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética do Rio de Janeiro). Com Chacal, Guilherme Zarvos, Michel Melamed, Pedro Luís, Dado, Ericson Pires, Maurição, Cazé Peçanha, Viviane Mosé, Pedro Rocha, Maurição, Tavinho Paes, Rubinho Jacobina, Alexandre Vogler, Aimbere César, Botika, Vitor Paiva, Domenico Lancellotti, Boato, Carlos Emilio Correa Lima, entre diversos outros artistas."
Vejam no Youtube: